28 de mai. de 2008

A CASA



A pedra, o pau, o barro,
Os alicerces
Da casa prometida
Sabida
Como certa.


A pedra dura
Madeira que se dobra
O barro que se molda
Coragem que perfura
A timidez que sobra
Paciência que se amolda.



Um bocado de sonho em cada mão,
Um resto de azul
No resto da manhã,
E amanhã,
De manhã cedo,
Sem medo,
A casa que te ofereço
Cercada de amizade.

União dos Escritores Angolanos / Aires de Almeida Santos

25 de mai. de 2008

O MUNDO COMEMORA O DIA DE ÁFRICA

O continente africano celebra hoje o seu DIA. O 25 de Maio assinala o dia em que foi instituída a Organização de Unidade Africana, hoje União Africana. Este dia é o símbolo do combate que o continente africano travou para a sua independência e emancipação.
O 25 de Maio representa, também, um profundo significado da memória colectiva dos povos do continente e a demonstração do objectivo comum de unidade e solidariedade dos africanos na luta para o desenvolvimento económico continental.

22 de mai. de 2008

DIA DA ÁFRICA - 25 DE MAIO

Todos os anos, o Dia da África constitui a ocasião de medir os progressos realizados na África, avaliar as suas dificuldades e refletir sobre as enormes potencialidades do continente.A África está passando por enormes alterações políticas. Embora persistam os conflitos destruidores, o seu número diminuiu e muitos países adotaram sistemas de governo pacíficos e democráticos. No Burundi, a conclusão pacífica e democrática do processo de transição constituiu um marco para o país e, esperamos, para o futuro de toda a região dos Grandes Lagos. Na República Democrática do Congo, uma nova constituição e uma nova lei eleitoral assentam a base para eleições democráticas, enquanto a Guiné-Bissau assistiu ao restabelecimento da ordem constitucional. E na Libéria, um escrutínio histórico levou ao poder a primeira mulher a ser eleita Presidente de um Estado africano.Juntamente com perspectivas econômicas um pouco melhores, o continente se beneficiou de fluxos mais elevados de ajuda pública para o desenvolvimento e de uma - muito necessária - redução da dívida. Os países desenvolvidos, que formam o Grupo dos Oito, comprometeram-se a duplicar, aumentando-a para 25 biilhões de dólares, a ajuda à África, até 2015, enquanto 18 dos países mais endividados viram anulada a quase totalidade da sua dívida externa.As Nações Unidas continuarão a ajudar o povo africano a dar continuidade a estes progressos. A nova Comissão de Consolidação da paz, o Fundo para a Democracia e o Conselho de Direitos Humanos aumentaram a capacidade de resposta das Nações Unidas ao programa para África, tal como foi delineado pela Nova Parceria para o Desenvolvimento da África e União Africana. As Nações Unidas e a União Africana já estão a colaborar no reforço da capacidade de manutenção de paz na África e na promoção de um desenvolvimento equilibrado.Apesar do otimismo, subsistem grandes desafios. A violência que continua no Darfur – não obstante o recente acordo de paz – ameaça milhões de vidas. A situação entre a Etiópia e a Eritreia continua a ser uma fonte de viva preocupação, enquanto o conflito no Norte do Uganda prolonga uma das piores tragédias humanitárias do mundo. Ao mesmo tempo, a seca assola o Corno de África e partes da África austral, e o HIV/AIDS (VIH/SIDA) continua a ter um efeito terrível no futuro do continente africano.Neste Dia da África, renovemos o nosso compromisso de fazer tudo o que pudermos para ajudar o povo africano a enfrentar estes problemas. Trabalhando em conjunto, poderemos concretizar o seu sonho de um continente pacífico, próspero e democrático.




Fonte: Centro Regional de Informação da ONU em Bruxelas - RUNIC

21 de mai. de 2008

Arte Africana

A arte africana é um conjunto de manifestações artísticas produzidas pelos povos da África subsaariana ao longo da história.
O continente africano acolhe uma grande variedade de culturas, caracterizadas cada uma delas por um idioma próprio, tradições e formas artísticas características. O deserto do Saara atuou e continua atuando como uma barreira natural entre o norte da África e o resto do continente. Os registros históricos e artísticos demonstram indícios que confirmam uma série de influências entre as duas zonas. Estas trocas culturais foram facilitadas pelas rotas de comércio que atravessam a África desde a antiguidade.
Podemos identificar atualmente, na região sul do Saara, características da arte islâmica, assim como formas arquitetônicas de influência norte-africana. Pesquisas arqueológicas demonstram uma forte influência cultural e artística do
Egito Antigo nas civilizações africanas do sul do Saara.
A arte africana é um reflexo fiel das ricas histórias,
mitos, crenças e filosofia dos habitantes deste enorme continente. A riqueza desta arte tem fornecido matéria-prima e inspiração para vários movimentos artísticos contemporâneos da América e da Europa. Artistas do século XX admiraram a importância da abstração e do naturalismo na arte africana.
A história da arte africana remonta o período
pré-histórico. As formas artísticas mais antigas são as pinturas e gravações em pedra de Tassili e Ennedi, na região do Saara (6000 AC ao século I da nossa era).
Igbo-Ukwu: arte africana em bronze
Outros exemplos da arte primitiva africana são as esculturas modeladas em argila dos artistas da cultura Nok (norte da Nigéria), feitas entre 500 AC e 200 DC. Destacam-se também os trabalhos decorativos de bronze de Igbo-Ukwu (séculos IX e X) e as magníficas esculturas em bronze e terracota de Ifé (do século XII al XV). Estas últimas mostram a habilidade técnica e estão representadas de forma tão naturalista que, até pouco tempo atrás, acreditava-se ter inspirações na arte da
Grécia Antiga.
Os povos africanos faziam seus objetos de arte utilizando diversos elementos da natureza. Faziam esculturas de
marfim, máscaras entalhadas em madeira e ornamentos em ouro e bronze. Os temas retratados nas obras de arte remetem ao cotidiano, a religião e aos aspectos naturais da região. Desta forma, esculpiam e pintavam mitos, animais da floresta, cenas das tradições, personagens do cotidiano etc.
A arte africana chegou ao Brasil através dos escravos, que foram trazidos para cá pelos portugueses durante os períodos colonial e imperial. Em muitos casos, os elementos artísticos africanos fundiram-se com os indígenas e portugueses, para gerar novos componentes artísticos de uma magnifíca arte afro-brasileira.

Acessar Artes e Literatura


20 de mai. de 2008

ILHA DE MOÇAMBIQUE



Não é a pedra.
O que me fascina
é o que a pedra diz.

A voz cristalizada,
o segredo da rocha rumo ao pó.

E escutar a multidão
de empedernidos seres
que a meu pé se vão afeiçoando.

A pedra grávida
a pedra solteira,
a que canta, na solidão,
o destino de ser ilha.
O poeta quer escrever
a voz na pedra.

Mas a vida de suas mãos migra
e levanta voo na palavra.

Uns dizem: na pedra nasceu uma figueira.
Eu digo: na figueira nasceu uma pedra.


(Mia Couto, idades, cidades, divindades, Maputo, Ndjira, 2008)